sexta-feira, 29 de junho de 2007

José Guadalupe Posada - Don Lupe


Compreender as raízes do design gráfico mexicano e latino americano ainda é uma obra em andamento, por parte de diversos acadêmicos, estudiosos e profissionais da área.

Porém, todas as vertentes artísticas que originaram o design latino-americano mostraram um vínculo muito estreito com questões políticas e sociais, no final do século XIX e começo do século XX, grande parte dos movimentos artísticos do México estiveram voltados para a revolução, defendiam a “Arte para o Povo”, ou seja, a arte de caráter informativo, que denunciava e conscientizava a população.

Um dos maiores e mais influentes nomes que defenderam a democratização da arte, foi o gravurista José Guadalupe Posada, nascido no dia 2 de fevereiro de 1852, na cidade de Aguascalientes, México. Considerado por diversos autores como o verdadeiro artista do povo e percussor do movimento mexicano nacionalista de artes plásticas.

Célebre pelos seus desenhos e gravuras sobre a morte, suas caricaturas políticas e interpretações da vida cotidiana e atitudes do povo mexicano, através das “caveiras”, e por adaptar as técnicas de gravura ao seu trabalho.


A investigação de sua obra permite um perfeito panorama da sociedade mexicana, que através dela é possível identificar os impactos da revolução nas mais baixas camadas sociais da população. Através de uma linguagem pictórica e de fácil interpretação, Posada sempre esteve a serviço do povo, por meio de uma linguagem de fácil interpretação tornava os acontecimentos relatados nos periódicos acessíveis até mesmo para a população não alfabetizada, que correspondia a 80% dos mexicanos, entre eles camponeses e operários.

Posada tem o auge de sua produção no período de reeleição do ditador Porfirio Diaz até o final de seu mandato e ascensão do líder revolucionário Francisco Madero, foi nesse período que modificou suas antigas técnicas para trabalhar mais intensamente nos periódicos da “imprensa barata”. A maioria desses materiais era em oposição ao regime porfirista e ao clero corrupto.

Após sua morte em 1913, seu nome foi esquecido, embora seu trabalho continuou a aparecer de tempo em tempo na imprensa popular mexicana, sempre que um editor achava conveniente o reuso de suas chapas com suas gravuras.

Seu trabalho foi redescoberto uma década mais tarde por Jean Charlot e outros artistas do muralismo e da oficina de gráfica popular. Suas obras se estenderam e foram reconhecidas fora das fronteiras do México, ganhando a Europa e toda América latina através da influência que representou para os muralistas.

Foi homenageado também pela Oficina de gráfica popular, movimento que representou diretamente o resgate de seus objetivos e exerceu forte influencia na criação de diversas oficinas de gravura em toda América-Latina.

Para todos os seus sucessores o trabalho de Posada representou raízes sólidas de uma identidade cultural mexicana e postura política.